
Começou assim: Vi um livro nas mãos de um colega e o ouvi comentado com outro “li ele em oito horas, quase ininterruptas”. O que chamou a atenção, inicialmente, foram as quase 500 páginas que ele segurava nas mãos. Depois, vi que o nome não era estranho ‘No Country for Old Men’.
Aquele era nada menos do que a inspiração dos irmãos Ethan e Joel Coen para fazerem o filme “Onde os fracos não têm vez”, sucesso de bilheteria que recebeu o Oscar de melhor filme.
Aliás, antes mesmo da estréia no Brasil, o filme já acumulava 82 menções nas principais premiações do cinema, incluindo a Palma de Ouro em Cannes e oito indicações ao Oscar. Só isto já justificaria a escolha do filme para estrear a nova fase do Voz Regional e desta coluna. Porém, tem muito mais.
Ainda não consegui ler o livro, mas não tive dúvidas de que deveria recorrer ao filme. Foi então que descobri a obra prima do cinema de 2007. Não apenas porque é uma história linda, com cenas belíssimas e uma ótima trilha sonora, mas porque é diferente de tudo o que já vi e não é algo que acaba da última imagem.
Por que ‘os fracos não têm vez’? Boa pergunta. Numa breve discussão com colegas que assistiram, chegamos a várias conclusões. Apesar disso, acho essa a mais importante contribuição do filme. A dúvida, a incerteza, a capacidade de reflexão.
Lá vamos nós, ingressando desta forma num emblemático estudo da natureza humana, paradoxal e antagônica, boa ou má, ingênua ou cruel, instintiva ou calculada.
O personagem Llewelyn (vivido por Josh Brolin) descobre uma mala com 2 milhões de dólares na paisagem desértica do Texas dos anos 80, em meio a corpos, armas e drogas. Imediatamente a perseguição começa.
O mocinho, que não é tão bom assim, afinal fugiu com algo que não lhe pertence, passa a viver o rato, perseguido pelo vilão Anton, que já está na mira incerta do xerife Bell.
Aos poucos, cada personagem que aparece vai revelando medos, anseios, as tais fraquezas. Como espectadores, vamos nos deparando com nossos próprios fantasmas, imaginando tais situações.
Ao fitar o vilão, Anton (interpretado por Javier Bardem) é possível, como eu, que você se sinta perturbado. É como se a qualquer momento ele pudesse saltar da tela e nos atingir com a estranha arma, tão inquietante quanto sua própria personalidade.
A cena seguinte é completamente inesperada. Não há como supor desfechos, situações, como normalmente ocorre nos filmes. Pelo contrário. É como se realmente cada cena fosse guiada apenas pelo destino e pelas coincidências (ou tudo está escrito?), sobre as quais não se tem nenhum controle.
Apesar de estranha, quase surreal, é desta forma que o filme consegue trazer ao debate uma reflexão sobre o excesso de violência, a fugacidade da vida, o mal-estar que nos rodeia. O cenário de faroeste, com estradas quase abandonadas e seres mundanos, reforça ainda mais esta sensação de desesperança, da loucura que faz alguém arriscar a vida por dinheiro, e sabemos que nem precisa ser muito.
Somos imediatamente remetidos a tudo o que nos cerca. A melancolia, a incerteza, a ‘liberdade’ - presa a vícios, medos, sonhos quase impossíveis, dinheiro, poder...
Somos fracos? E se os fracos realmente não têm vez?
Bem, aí quem sabe seja somente uma questão de sorte, como a moeda lançada: cara ou coroa. Ou podemos ainda aceitar, ainda que não pacificamente, a vida, sem medo de ser feliz ou infeliz. Isto, sim, é uma questão de escolha.
Ficha Técnica
Título Original: No Country for Old Men
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.nocountryforoldmen.com
Estúdio: Paramount Vantage / Miramax Films / Mike Zoss Productions / Scott Rudin Productions
Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen, baseado em livro de Cormac McCarthy
Produção: Ethan Coen, Joel Coen e Scott Rudin
Música: Carter Burwell
Premiações
- Ganhou 4 Oscars, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Roteiro Adaptado. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som.
- Ganhou 2 Globos de Ouro, nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Roteiro. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Diretor.
- Ganhou 3 prêmios no BAFTA, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Fotografia. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Melhor Atriz Coadjuvante (Kelly Macdonald), Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.
Ficha Técnica
Título Original: No Country for Old Men
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.nocountryforoldmen.com
Estúdio: Paramount Vantage / Miramax Films / Mike Zoss Productions / Scott Rudin Productions
Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen e Joel Coen, baseado em livro de Cormac McCarthy
Produção: Ethan Coen, Joel Coen e Scott Rudin
Música: Carter Burwell
Premiações
- Ganhou 4 Oscars, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Roteiro Adaptado. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som.
- Ganhou 2 Globos de Ouro, nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Roteiro. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Diretor.
- Ganhou 3 prêmios no BAFTA, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem) e Melhor Fotografia. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Melhor Atriz Coadjuvante (Kelly Macdonald), Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.