segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Preciosa

Por Géssica Valentini

Nova York, 1987. Claireece Preciosa Jones tem 16 anos e está grávida pela segunda vez. Como se não bastasse a maternidade precoce, ela é negra, obesa e pobre, em um espaço cercado por preconceito.

Preciosa – Uma história de esperança, é mais do que um filme sobre dramas humanos, é o próprio drama humano revelado em filme.

Baseado em fatos reais, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Atriz Coadjuvante, nos coloca cara a cara com o obscuro, a realidade de muitos lares.

Na escola, Preciosa (Gabourey Sidibe) é muda. Em casa, onde deveria expressar seus anseios e receber amor, é calada, seja pela violência do pai (Rodney Jackson) ou pelas agressões da mãe (Mo’Nique).

A história perpassa qualquer compreensão sobre o sentido de ser “humano”. A primeira filha de Preciosa tem Síndrome de Down e por isso, no filme, é chamada de “Mongo”, a abreviação de Mongolóide.

Ao ser expulsa do colégio por estar grávida novamente, Preciosa é encaminhada a uma escola alternativa. É nesse ambiente ela se refugia na própria imaginação: enquanto o pai a violenta, ela está num palco, sendo saudada por dezenas de fãs. Enquanto a mãe a humilha, ela se protege no sonho de que seu príncipe está vindo buscá-la.

Prepare-se para muitas lágrimas, pois as revelações são contínuas. Cena a cena, refletimos sobre a importância da família e os inúmeros casos que sequer imaginamos. Uma realidade contraditória para uma sociedade que faz projetos para instalar máquinas de camisinha nas escolas e, ao mesmo tempo, para criminalizar a palmada.

As crianças aprendem a somar e subtrair números, mas não a multiplicar bons modos e dividir as pequenas e grandes coisas. Aprendem o português, a matemática e as ciências dos livros, mas incluem cada vez mais palavrões à nossa língua, fazem contas das brigas e esquecem o sentido da ação e reação na natureza.

Por que não investimos em educação para a vida? Quem sabe não existiriam tantas Preciosas... E quem sabe esta seja a essência do filme, que além de tudo nos ensina que uma longa jornada começa com um único passo e muita esperança...

A origem


Por Géssica Gabrieli Valentini


“Qual o parasita mais resiliente?” – pergunta o personagem Cobb. “Uma ideia” – ele mesmo responde. Uma simples ideia pode construir cidades, transformar o mundo e mudar leis!

O filme “A Origem” parte desta inquietação, do intangível, ou seja, um pensamento, que não costumamos dar muito valor, mas que pode não ter preço.

No filme, o diretor Christopher Nolan, consagrado por produções como “Batman, o cavaleiro das trevas” e “O Grande Truque”, transforma o complexo e intrigante conceito de pensamento em algo que pode ter dimensão de uma catástrofe ou de uma revolução.

Na trama, o objetivo grupo de espiões industriais, liderados por Cobb (Leonardo DiCaprio), não é invadir os cofres ou escritórios dos concorrentes, mas suas mentes. Trata-se de uma ficção científica, mas cujas argumentações são cuidadosamente amarradas, numa arquitetura perfeita, e logo estamos nós, espectadores, invadindo os sonhos das vítimas.

É nesse mundo imaginário que os espiões realizam seus planos: convencem o sonhador a entregar os segredos mais valiosos. Porém, o inquietante começa quando o poderoso empresário Saito contrata os espiões para que façam o procedimento inverso: não tirem, mas coloquem um ideia na mente do bilionário Robert Fischer, mesmo que não haja nenhuma certeza de que dará certo.

Embora seja ficção, Nolan baseou-se em procedimentos já realizados pela neurologia, que é capaz de desenvolver mecanismos de proteção no sono. Através deles, sons, cheiros e movimentos detectados pela pessoa em repouso podem ser traduzidos em detalhes dos sonhos. Quem nunca sonhou que o barulho do despertador era alguma campainha ou um telefone tocando?

Sem dúvida estamos diante de sonho transformado em filme, com toda lógica do mundo real subvertida através dos brilhantes efeitos de realidade, que possivelmente darão uma indicação ao Oscar na categoria Efeitos Especiais.

Quem puder, uma “ideia” é não deixar de assistir ao filme no cinema, com todos os efeitos de som e imagem que só há ali. Além disso, muitas vezes é ótimo refletirmos sobre o valor das ideias, diante das incontáveis possibilidades de criação e de tudo que nossa mente é capaz.

Não espere encontrar respostas, nem certezas, mas prepare-se para muitas dúvidas e questionamentos. Aliás, mais uma prova de que não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas!

Cartas para Julieta


Por Géssica Valentini

Você é romântico? Iniciei a semana com o desejo de saber porque, ao longo de nossa curta vida, nos tornamos mais céticos ou, então, mais sensíveis a essa coisa chamada “amor”. Ao ouvir esta palavra aposto muitas lembranças e sentimentos surgem em sua cabecinha. Se você está em uma fase de questionamentos, bem vindo ao filme: Cartas para Julieta!

Nele, o diretor Gary Winick zomba de nós e de nossos conceitos trazendo de volta Julieta (a mesma de Sheakespeare!) para responder às duvidas das donzelas apaixonadas ou desiludidas (mais desiludidas que apaixonadas).

Uma delas é Sophie (Amanda Seyfried) que está de casamento marcado com Victor (Gael García Bernal). Os dois viajam para Verona, na Itália: ela para a Lua de Mel, ele para conhecer os vinhos e especiarias que poderiam servir para incrementar seu restaurante.

Nesse dramático e estonteante cenário, ela, curiosa repórter, encontra as secretárias de Julieta, que respondem às cartas deixadas pelas moças. A partir daí o papel dos filmes românticos entra em cena. Ela encontra uma carta que foi escrita há 50 anos e estava esquecida sob um tijolo. Entre opiniões divergentes, ela resolve responder e muitas aventuras se desenrolam depois dessa atitude ousada.

Se você está apaixonado, vai suspirar ante os diálogos da inusitada história. Se não está nem aí para o amor, vai, ao menos, viajar sem sair de casa pelas surpreendentes paisagens italianas.

Na ficção, não é preciso dizer que o fim é feliz. Na vida real, Paulo Mendes Campos foi enfático ao afirmar: o amor acaba! Às vezes numa esquina, num domingo de lua nova, no elevador, como se lhe faltasse energia. Acaba em apartamentos atapetados, aturdidos de delicadezas; no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; numa carta que chegou antes ou depois; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque; nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba.

Esse filme você já viu, não é? Ah! Mas, segundo ele, acaba para recomeçar...

Então, boa sorte com os sentimentos e lembranças!

Lembranças



Géssica Gabrieli Valentini

A menina feliz vê a mãe ser assassinada em uma estação de metrô. O menino feliz enfrenta o drama do suicídio do irmão e da separação da família. Os sorrisos se esvaem como a noite que de repente engole o dia e o tempo passa. Lembranças é a sombra de um passado que nunca é esquecido. Permanece presente no comportamento rebelde, na fragilidade das relações.

Para os fãs de filmes de ação, sugiro que não assistam, pois o diretor Allen Culler empregou a beleza da narrativa justamente na morosidade das cenas. Já para quem gosta de dramas humanos, surpresas e a vida real mais próxima da ficção, este é o filme certo.

O protagonista Robert Pattinson conseguiu se afastar do rótulo de galã de Crepúsculo empregando ao personagem Tyler uma rebeldia que está longe do ideal romântico do vampiro.

Tyler é filho de um milionário (Pierce Brosnan), mas vive em um modesto apartamento no subúrdio de Nova York, trabalhando em uma livraria. Linhas tortas o levam à Ally (intepretada por Emilie de Ravin), a menina que presenciou a morte da mãe 10 anos antes. O pai de Ally (Chris Cooper) é policial e bate em Tyler para separar uma briga no qual o moço estava envolvido.

Ao conhecer Ally e saber o quanto o pai a protege, resolve se vingar do policial, conquistando-a. O que ele não imaginava é que se apaixonaria também. Alguns chamaram a história de monótona, outros de empolgante. Eu diria que tudo depende do gênero com o qual você se identifica.

O filme também traz outras temáticas como bullying, termo utilizado para designar preconceitos que crianças e adolescentes sofrem na escola. Além disso, a discussão chega ao campo da segurança pública e das relações familiares. Percorre décadas de acontecimentos e de forma sutil apresenta as consequências de pequenas e grandes coisas na formação da personalidade humana e de uma nação inteira.

As palavras se tornam armas, as armas brinquedos, os brinquedos parte do passado, o passado uma sombra e assim se formam as relações, a cultura, as gerações. Difícil escrever uma crítica que depende do final para se tornar interessante, mas se revelar o final perde a graça. E agora?

Agora deixo a vocês a tarefa de descobrir do que se trata e valorizar os detalhes, da ficção e, sobretudo, da vida real! Ótimo fim de semana e bom filme!

Meu Malvado Favorito

Fui ao cinema procurando diversão! Encontrei em cartaz o filme “Meu Malvado Favorito”, que pelo nome já intriga, faz pensar. Aliás, convenhamos, muitos desenhos animados de hoje em dia são mais criativos, imprevisíveis e reflexivos do que vários romances, comédias e dramas.

É claro, para gostar é preciso deixar na bilheteria a razão e transportar para dentro da sala de exibição somente aquela criança curiosa para a qual a lua um dia já foi de queijo ou então morada de São Jorge e, então, você não se surpreenderá ao saber que o grande plano de Gru, o malvado favorito é, nada menos, do que roubar a lua!

O filme se passa num aconchegante bairro americano em que o normal são casas de cerca branca e famílias felizes. Ele, porém, vive em uma casa negra e sombria, com um gramado seco e muitas excentricidades espalhadas pelos cômodos.

Os planos de Gru são financiados pelo banco dos malvados e desenvolvidos por um exército de criaturinhas bizarras chamadas minions. Por onde passa destrói carros, jardins e casas e não tem nenhum constrangimento em roubar doce de uma criança. Até seu bichinho de estimação é mau, inclusive com ele.

Tudo estava perfeito nesse estranho reinado, até ele ganhar o que parecia impossível: um rival. Trata-se de um menino que roubou a maior pirâmide do Egito e por isso ameaça seu trono. Agora, roubar a lua é a única forma de se manter na posição de malvado favorito.

No entanto, embora ele esteja disposto a não medir esforços para ir adiante com seu plano, o que ele não contava é que até a mais forte e malvada das criaturas tem seus pontos fracos... Qual será o dele?

A animação foi a estréia da Illumination Entertainment, fundada por Chris Meledandri, ex-presidente da 20th Century Fox Animation (de A Era do Gelo, Robôs, Os Simpsons, Horton e o Mundo dos Quem, Alvin e os Esquilos, entre outros). Para cuidar da animação, ele não contratou centenas de pessoas, como costuma acontecer em grandes produções, mas apostou no que chama de “pessoas certas” e o resultado vocês vão poder conferir no cinema ou em DVD.

Seja sozinho, com seu filho, sobrinho ou amigo, a diversão é garantida para crianças pequenas e grandes. Será que a lua é mesmo de queijo? Que tal descobrir?



Salt



Por Géssica Valentini

Enquanto jura não ser uma espiã, Salt é espancada por militares da Coréia do Norte. Seus lamentos não são suficientes para convencê-los de que não está em busca de informações sobre pesquisas nucleares. Esses minutos de suspense abrem o filme da semana, que leva o nome da personagem principal: Salt, interpretada por Angelina Jolie.

As cenas seguintes mostram a bela sendo libertada e voltando ao trabalho: o escritório da CIA, em Washington. Sim, ela é espiã e a partir desta constatação uma série de reviravoltas ocorre nesse inteligente filme de suspense.

Embora tente levar uma vida normal, cumprindo a função de esposa e dona de casa, há muitas coisas sobre ela que só vamos descobrir no último minuto do filme. As desconfianças começam quando um agente russo se entrega e resolve contar o ambicioso plano dos compatriotas: assassinar o presidente russo e iniciar uma guerra com os americanos. Não somente isso, ele levanta a primeira suspeita contra ela: não poderia ser uma espiã russa infiltrada na CIA?

Assim, a partir da possível revelação, vamos passeando de prédio em prédio, sendo jogados de caminhão em caminhão, enquanto acompanhamos a fuga desesperada da protagonista.

Não sabemos o que virá na próxima cena, tampouco queremos que a perseguição e as surpresas acabem ali.

A trilha sonora e a produção técnica também acompanham sutilmente nossos sentidos. Somos quase transportados pelos enquadramentos, pelos movimentos de câmera, tudo isso embalado por músicas capazes de conduzir nossa adrenalina cena a cena.

A história relembra o drama da Guerra Fria, embora com muitos aspectos modernos. O exagero dos filmes de ação está presente: o herói indestrutível e invencível e a morte considerada quase banal. Trata-se, portanto, de um filme para entreter ou agradar aos olhos, como definiram muitos críticos.

Para quem gosta de cinema, esta é uma opção para o fim de semana chapecoense. Aguardo sugestões e lembrem-se: o controle está em suas mãos! “Play” ou “Stop” só depende de você! Ótimo fim de semana!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

As Viagens de Gulliver


Por Géssica Gabrieli Valentini

Gulliver é o famoso gigante que sofre um naufrágio e é encontrado e capturado pelos minúsculos liliputianos. Essa história, escrita por Jonathan Swift, foi publicada no século XVIII e se tornou conhecida por fazer uma crítica à Inglaterra da época. Transportada para o século XXI, ela ganha um toque moderno e muitas viagens literais e figuradas, embora tenha perdido totalmente a crítica social.

Para quem está curioso para assistir “As viagens de Gulliver”, é melhor diminuir as expectativas. Aliás, os produtores não tiveram grandes pretensões, apenas divertir a família e trazer à tona a famosa fábula: seja você mesmo.

Com Jack Black no papel de Lemuel Gulliver, o filme conta a história do divertido, mas acomodado jovem que trabalhava em um jornal de Nova York. Era engraçado, fazia de cada momento de sua vida uma festa, mas não esperava nada ou quase nada da vida, a não ser conquistar a editora do caderno de viagens Darcy, interpretada por Amanda Peet.

Como fazer isso? Ao invés de ir pelo caminho mais fácil, ou seja, chamá-la para sair, ele inventa algumas histórias de que já viajou o mundo e gostaria de escrever reportagens. Segundos depois, está à caminho do Triângulo das Bermudas. Como já é previsível, ocorre uma tempestade e lá está ele, naufragado.

É então que a nova história se funde com a original. Com diversas ressalvas e adaptações, Gulliver passa de vilão a herói em poucos minutos e então a versão agrega muitas características de uma comédia romântica: Gulliver começa a aproveitar todas as regalias de um privilegiado, com direito a vista para o mar e um Home Theater, conhece um camponês apaixonado pela princesa Mary (Emily Blunt), além de tentar projetar nele todos os sucessos que nunca conseguiu na própria vida.

A graça está nas alusões a séries de TV e filmes como o Titanic, registradas quando Gulliver resolve transformar a própria vida em peça de teatro e atração para os liliputianos. Espere muitos exageros de alguém que se acha o máximo (com certeza esse personagem vai lembrar alguém que você conhece ou vai conhecer na vida).

Espere diversão, mas, vale insistir, não exagere nas expectativas! Grande mesmo, somente o gigante diante dos liliputianos! Ótimo filme!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tropa de Elite 2

Por Géssica Gabrieli Valentini

Na ficção, dez anos se passaram desde que Capitão Nascimento encerrou um capítulo na história do tráfico de drogas do Rio de Janeiro. Na vida real, há três anos o filme Tropa de Elite conquistou fãs e escancarou vários aspectos da segurança pública precária que temos no país.

No novo filme, que estréia este fim de semana nos cinemas de todo o Brasil, a batalha é a mesma, com um inimigo diferente: não somente os traficantes, mas os próprios policiais e o poder público, que deveriam defender os interesses da população.

Os personagens continuam ali, embora com histórias diferentes. Nascimento está separado da mulher, o filho já é adolescente e agora ele ocupa o cargo de subsecretário de segurança pública do Rio de Janeiro.

No cargo, com ainda mais responsabilidade, mais uma vez ele está diante da falta de escrúpulos e da corrupção ainda mais pungente.

Com mais violência e complexidade, o diretor José Padilha preparou um filme em que nosso olhar acompanha cenas que não estão distantes, como muitas vezes parece. Uma guerra, definida com todas as letras e travada sem que muitos percebam, com ou sem o nosso consentimento, mas cujos efeitos todos sentimos.

Assim, o principal desafio do capitão é descobrir quem são seus verdadeiros inimigos. O mal aparente se torna pequeno perto do bem disfarçado de muitas formas. Às vezes fardado, às vezes com uma arma escondida sob as vestes, às vezes unido a sorrisos e muita boa vontade. Além disso, cheio de interesses: principalmente dinheiro e poder. É com este inimigo, sem rosto, por vezes invisível, que ele precisa lutar. Continua combatendo traficantes, lutando contra a violência e os efeitos devastadores das drogas nas favelas e nas famílias.

Por outro lado, mira com precisão outros alvos, que descobrimos ao longo das cenas, como num jogo de computador. Infelizmente, embora seja ficção, não se trata de uma brincadeira. É a vida real: a nossa!


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sempre ao seu lado




Por Géssica Valentini

2002: A jovem de classe média alta Suzane Von Richthofen abre a porta de casa para que o namorado entre e mate seus pais. 2008: Alexandre Nardoni e a esposa são acusados e condenados por jogarem do sexto andar de um prédio a filhe dele, Isabella.

Difícil falar em “lealdade”, tema do filme da semana, quando nos damos conta que estes são apenas dois entre as centenas de casos semelhantes que acontecem todos os dias. A palavra e o significado dela, antítese da traição, parecem ter caído em desuso.

“Sempre ao seu Lado” não trata de uma relação humana, mas o lado “irracional” inspira. Aliás, o que é ser racional?

O filme conta a história do professor universitário Parker Wilson (Richard Gere) e o cão Hatchi. Baseado em uma história real, que ocorreu no Japão no início do século XX, o cão ficou famoso após aparecer em reportagens de jornais que contavam sua relação de lealdade com o dono. Todos os dias, Hachi acompanhava seu amigo até a estação de trem e estava lá quando ele voltava.

Na versão adaptada, a história se passa em Nova York, embora o cão seja da mesma raça. Ele é achado quando ainda é filhote e o professor o leva para casa. Inicialmente, a ideia é completamente descartada pela esposa, Joan. Só depois de perceber a relação de cumplicidade iniciada pelos dois, ela se comove e decide aceitá-lo.

Embora muitos costumes ocidentais tenham sido incorporados à narrativa, o filme é cativante, a exemplo de Marley e Eu e muitos outros filmes com animais.

Eles não precisam de grandes motivações para largarem tudo e irem atrás do dono, para defendê-lo ou agradá-lo. Não fazem isso somente pela recompensa e esperando muito em troca. Também não largam o dono diante da primeira decepção, nem o matam quando fazem algo que não agrada.

Prepare-se para encarar um lado doce e terno da vida, cada vez mais raro. Talvez você até queira ter um cãozinho depois disso, ou, melhor ainda, aprenda que muitas vezes é preciso ser menos racional diante da vida! Bom filme!

As Crônicas de Nárnia



Por Géssica Gabrieli Valentini

Um leão, uma feiticeira e um guarda roupa, um príncipe e, por último, um navio chamado peregrino da alvorada. Uma estranha composição, que já nos remete a um ambiente de imaginação e contos de fada. Para que já conhece As Crônicas de Nárnia, a ordem não é estranha. Respectivamente, são os nomes dados aos três filmes inspirados na série de livros escrita pelo autor irlandês Clive Staples Lewis, conhecido como C.S.Lewis.

A série é considerada um clássico da literatura infantil, embora não seja apenas para crianças. As 120 milhões de cópias, traduzidas em 41 idiomas, inspiram pessoas de todas as idades, desde a década de 50.

Os livros foram adaptados diversas vezes para o rádio, a televisão, o teatro e o cinema, mas é essa produção assinada pela Fox que impressionou o público, seja pela qualidade técnica, pelos efeitos especiais ou pela narrativa carregada de múltiplos sentidos.

Em Viagem do Peregrino da Alvorada, publicado originalmente em 1952, a batalha continua sendo entre o bem e o mal, com temas que incluem a importância da lealdade, das virtudes e os perigos de sentimentos como a inveja, o ciúme e a ganância. Tudo isso colocado de forma sutil, sem exageros e pieguices.

Além disso, discute outro tema importante na atualidade: traz a infância com a inocência necessária, deixando implícitos os riscos de um amadurecimento precoce.

A mensagem de Lewis é clara: quem cresce, não pode voltar à Nárnia. Crescer para o autor não tem um sentido cronológico, mas na importância dada à fantasia. Neste último filme, Susana e Pedro ficam em nosso mundo e quem retorna ao mundo mágico é apenas Edmundo, Lúcia e o primo Eustáquio, que vai aprender a duras penas algumas lições para se tornar melhor e, quem sabe, tornar-se o próximo herói nas sagas seguintes.

Preste atenção também a uma das curiosidades técnicas da produção: o belíssimo navio Peregrino da Alvorada, que dá título ao filme, não é uma invenção da tecnologia digital, como a maioria dos cenários, mas foi realmente construído. Ele tem 43 metros de comprimento e pesa 125 toneladas.

Espere doses certas de emoção, aventura, drama e comédia. Não relute ao perceber-se transportado para este mundo mágico e cheio de aventuras, como criança. Ótimo filme!

Educação


Por Géssica Gabrieli Valentini

Londres, 1961. Jenny Carey tinha muitos motivos para ser feliz, mas não era. Os pais pagavam a ela o melhor colégio da cidade, era a melhor aluna da classe e estava prestes a conquistar a vaga dos seus sonhos na Universidade de Oxford, uma das melhores do país. Neste cenário melancólico de uma jovem infeliz, embora sonhadora, se desenvolve o filme Educação.

Duas constatações precisam ser feitas. A primeira, que o nome do filme não é o suficiente para darmos atenção a ele na locadora. A segunda, concordando com a protagonista, que estudar não é a melhor coisa do mundo. Subtraindo isso, temos um filme embalado por canções de época, rodeado por belos cenários, ótimos figurinos e um tema que ainda hoje é tabu: a educação, principalmente da mulher.

Estudar, casar, ter filhos, trabalhar, cuidar da casa, ser uma boa esposa, mãe, profissional. Muitas vezes, tudo isso parece incompatível e por isso muitos sonhos são destruídos quando outra perspectiva bate à porta.

Na ficção, Jenny sofre com o tédio dos dias confinados aos livros, quando conhece David (vivido pelo ator Peter Sarsgaard). Com pelo menos o dobro da idade dela, ele parece ter caído do céu. Conhece várias línguas, tem um carro, sabe tudo sobre arte, música e tudo o que ela sonhava em ter e saber, mas no futuro.

Aos poucos, essa nova e sedutora vida toma seus dias. Os pais, antes rígidos com os horários de estudo, agora também estão encantados com o charme que o dinheiro pode comprar: concertos de música clássica, leilões de arte e, talvez, a felicidade!

Indicado ao Oscar em três categorias, inclusive melhor filme, Educação até é um filme previsível, como afirmaram muitos críticos. Porém, traz uma abordagem que continua contemporânea.

Para fazer o filme, a diretora dinamarquesa Lone Scherfig mergulhou em uma pesquisa histórica e lapidou o roteiro de Nick Hornby, que fez uma adaptação do livro da jornalista Lynn Barber (lançado pela Editora Rocco).

Terminei o filme com a certeza de que é perfeitamente possível ser muitas mulheres (ou homens), com diferentes sonhos. No entanto, há um tempo para cada coisa e, além disso, como cantou Cazuza, o tempo não pára e os atalhos podem atrasar a chegada ou, mais do que isso, podem fazer com que nunca cheguemos!

Espero que gostem, reflitam... e estudem! Ótimo filme!

Comer, Rezar e Amar


Por Géssica Gabrieli Valentini

Pelo nome, podemos pensar que se trata de um manual de auto-ajuda: Comer, Rezar e Amar. Porém, quem já teve a oportunidade de ler o livro que inspirou o filme sabe que se trata apenas de um relato sincero de uma mulher que riu, chorou, se encantou e desencantou com as peripécias da vida.

A mulher é Elizabeth Gilbert, interpretada por ninguém menos que Julia Roberts. A atriz dá um charme ao filme e emprega toda sua naturalidade, como se ela mesma tivesse vivido toda a trama.

Quanto à história, Liz, como é conhecida, tinha tudo o que muitos de nós sempre sonhou: sucesso profissional e um bom casamento. Porém, ainda assim sente-se vazia. A loucura ou sensatez faz com que ela peça o divórcio, perca tudo o que conquistou e resolva viajar.

Itália, a Índia e a Indonésia são os lugares escolhidos por ela. Nesses países ela se rende à boa comida, à religião e ao amor, respectivamente.

A Indonésia é escolhida para que ela encontre novamente uma espécie de guru, que anos antes previu algumas coisas a seu respeito. Esse último é o país que bagunçará de vez a aparente harmonia que havia conquistado até ali, pois não estava no seu roteiro de viagem o encontro com o brasileiro Felipe, vivido por Javier Bardem.

Felipe vive fora do Brasil há alguns anos, mas muita coisa ainda permanece, como a música. Nos surpreendemos então com uma trilha sonora preenchida pelos maiores clássicos da Bossa Nova. Até algumas palavras em português são pronunciadas, embora de forma engraçada e com um sotaque espanhol evidente.

Além disso, os italianos, os indianos, bem como os brasileiros, são tratados de forma um tanto caricaturada. Ainda assim, nos deliciamos com os belos pratos da culinária de Roma, oramos no silêncio nas meditações de Bali e até amamos com ela em cada uma das experiências.

O livro se transformou em Best seller em pouco tempo e o filme já é comentado e assistido no mundo todo. Talvez por deixa na boca um gosto suave esperança, como eternizou Vinícius de Moraes em uma das músicas temas do filme: “É melhor ser alegre que ser triste... Alegria é a melhor coisa que existe... É assim como a luz no coração”...

 Bom filme!


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entrando numa fria maior ainda com a família


Risos, risos, risos. Entre numa fria, depois uma fria maior ainda e, agora, uma fria maior ainda com a família. A trilogia é uma seqüência de catástrofes que envolve um sogro ex-agente da CIA que acha que comandar a família é como liderar uma tropa de choque, um genro enfermeiro que está longe de atender às expectativas do patriarca, filhos gêmeos travessos e muitas piadas que já deram certo em algum filme e foram reunidas nesta produção.


Se você não se importa de rir da mesma piada duas vezes, então bem-vindo ao “Entrando numa fria maior ainda com a família”.

Na trama, Greg Fornika (Ben Stiller) e sua esposa Pam (Teri Polo) tem a difícil tarefa de mostrar aos pais dela que têm total controle sobre a situação pessoal e financeira da família. Greg e Pam ainda têm pela frente o desafio de apresentar os gêmeos Samantha e Henry ao poderoso chefão, Jack Byrnes, que acha que está com os dias contados e precisa urgentemente ser substituído.

O sucessor seria Greg, que começa a ser testado. Quanto mais ele tenta agradar o sogro, mais desastres acontecem. Ainda mais porque entre os dois há segredos que não podem ser revelados.

A situação se agrava quando o ex-agente da CIA descobre caixas de um remédio para disfunção erétil entre suas coisas, além de telefonemas e fotos de uma tal de Andi Garcia, interpretada por Jessica Alba. Estariam eles tendo um caso?

Para piorar a confusão, além de desconfiar do genro, o sogro ainda tem a esperança de conseguir o que chama de “correção de curso”: a filha poderia se casar com o rico investidor Kevin Rawley (Owen Wilson), que sempre foi apaixonado por ela.

Algumas piadas são apelativas, especialmente se crianças forem levadas ao cinema. Outras situações são desnecessárias, especialmente se considerarmos que o orçamento foi de 130 milhões de dólares. Convenhamos que é um valor suficiente para produzir um ótimo filme.

Fora isso, se você não espera surpresas e apenas quer rir um pouco, não se arrependerá do investimento, seja no cinema ou locação. Desejo boa diversão e muitas gargalhadas!


Por Géssica Gabrieli Valentini

“Um não, às vezes um ‘não sei’, Janela, madrugada, luz tardia, E o medo nos acorda”... O filme que indico esta semana lembrou-me a melodia suave do Teatro Mágico e reflete como poucos filmes a dicotomia da vida e da morte. Trata-se de “Uma prova de amor”, protagonizado por Cameron Diaz.

No drama, a jovem Kate (Sofia Vassilieva) tem leucemia diagnosticada. A descoberta é feita quando Kate ainda é uma menina e, mesmo contra todas as estatísticas, a mãe, Sara (Cameron Diaz), promete que não deixará a filha morrer. Isso significa fazer qualquer coisa pra salvá-la, inclusive gerar um filho que possa se tornar doador. Porém, para que haja garantias de que o bebê seria compatível com Kate, eles decidem fazer uma fertilização in vitro.

É assim que nasce Anna, já predestinada a se doar pela irmã. Ano após ano, ela se submete a intermináveis cirurgias para tentar prolongar os dias de Kate. Porém, aos 11 anos, com o quadro clínico da irmã piorando, ela decide ter uma vida normal. Ama, mas não quer mais tirar partes de si mesma, arriscando a própria vida, enquanto a irmã sobrevive, porém continua sofrendo.

Para isso, ela procura o famoso advogado Campbell Alexander (Alec Baldwin) e processa os próprios pais, pedindo uma “emancipação médica”.

Inicia então uma terna e complexa discussão que incluem medos, incertezas e inseguranças. O preço pago pela vida da filha não é somente Anna sentir-se usada, mas a carreira de sucesso de Sara, o casamento e até mesmo a vida do irmão mais velho, Jesse, que é praticamente ignorado. Ele tem dislexia, mas a doença só é percebida quando a defasagem no aprendizado tornou-se crítica.

Não se trata de uma família desestruturada, tampouco que padece de amor. Pelo contrário: todos se amam tanto a ponto de abdicar de si mesmos. Por outro lado, há dilemas éticos e questionamentos complexos que são trazidos em cada cena, mesmo quando esta é a mais terna e emocionante possível.

Não posso negar que o filme é triste, mas estranhamente termina com lições que se sobrepõe a qualquer angústia que possa ter suscitado. É como continua a música do Teatro Mágico: “Todo o chão se abre, no escuro, se acostuma... Durma medo meu”... e da mesma forma que se dissipam as lágrimas do filme é como se o fim também indicasse apenas vida adormecida...e muita coisa além disso. Ótimo filme!

Assista ao Trailer

Harry Potter


Por Géssica Valentini

As fotos do jornal se mexem! Os quadros falam! Aos 24 anos, assistir Harry Potter pela primeira vez é uma experiência interessante, quase uma aventura. O novo filme, Relíquias da Morte – parte 1, estreou nos cinemas do mundo todo nas últimas semanas e trouxe muitas expectativas ao público, especialmente aos fãs de mais de uma década.

O filme é o sétimo da série inspirada pelos livros de J.K. Rowling. A autora levou cerca de 17 anos para escrever uma das histórias mais mirabolantes – e talvez por isso mais cativantes – da literatura mundial. Os cenários, as roupas, a caricatura de cada personagem, sem falar na magia, foram responsáveis pela venda de 400 milhões de exemplares, em 67 línguas diferentes, além da arrecadação de milhões de dólares em cada filme.

Nas primeiras cenas, com a notícia de que uma família de trouxas é assassinada, compreendi que precisaria deixar de lado qualquer aspecto de realidade e do preconceito que trouxera para a sala de cinema e ingressar em uma história cuja criatividade é fora do comum. Descobri que trouxas são famílias normais, não de bruxos, e que não estava diante de uma história para crianças, como imaginava. Há suspense do começo ao fim, além de cenas que deixaria muitos pequenos sem dormir à noite.

Para quem não conhece a trama, grande parte da narrativa se passa na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e aborda os conflitos entre Harry Potter e o bruxo das trevas Lord Voldemort. Este fora responsável pela morte dos pais de Harry, que, por sua vez, tornou-se o único capaz de fazer com que o Lord deixe de existir para sempre. Para conseguir isso, ele conta com a ajuda especialmente de Ron e Hermione, amigos inseparáveis desde o início da história.

Neste sentido, são explorados temas como amizade, traição, ambição, preconceito, coragem, lealdade, além da vida e da morte, embora tudo aconteça em um mundo mágico, com as próprias leis e possibilidades. Por isso, assisti-lo com os pés no chão torna-se impossível!

Este último filme cobre cerca de 60% do livro e a estratégia da Warner Bros, de dividir a história em duas partes, sem dúvida foi uma grande tacada mercadológica. Na parte mais interessante, a tela escurece. Aos curiosos, o próximo filme só deve ser lançado em julho do ano que vem. Até lá, para que ainda não leu, só resta o livro como alternativa...

Bom filme e ótimo fim de semana!




O professor de Matemática americano Frank resolve passar as férias em Veneza. Era a primeira viagem após a morte da mulher, três anos antes. Enquanto isso, a jovem Elise embarca no mesmo trem, depois de receber uma misteriosa carta, assinada por Alexander Pierce, um bandido procurado em 14 países por sonegar 177 milhões de libras em impostos.
A carta pede que Elise sente com um homem de estatura parecida com ele e a escolha pelo professor dá início ao suspense “O Turista”, em cartaz nos cinemas de todo o país.
A produção traz Angelina Jolie e Johnny Deep como protagonistas e o resultado não poderia ser melhor. Porém, o que poucos sabem é que o papel de Jolie era para ser de Charlize Theron e o filme ainda teria a participação de Tom Cruise. Ambos abandonaram as filmagens.
Ainda assim, o diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck conseguiu um resultado brilhante que fez com que a falta dos dois não atrapalhasse em nada o resultado final. Prova disso é que o filme foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Musical ou Comédia, Ator (Depp) e Atriz (Jolie).
O filme já inicia com uma sequência de espionagem, com muitas perguntas e cenas de tensão que deixam o espectador ansioso para saber do que se trata. Ao contrário da maioria dos filmes de suspense, em que a verdade é revelada a quem assiste e negada aos protagonistas, neste não temos certeza de nada e até as hipóteses vão se mostrando equivocadas ao longo das cenas.
Para aumentar a tensão, o rosto de Alexander é desconhecido inclusive a Elise, pois com a fuga ele realizou inúmeras cirurgias plásticas para mudar a fisionomia. Assim, o turista Frank torna-se então bode expiatório, procurado não só pela polícia como por um poderoso gângster italiano de quem Pierce também roubou alguns milhões.
O que não era esperado pelos envolvidos, sobretudo por Elise, é que ela se apaixonaria pelo turista. É esse clima de romance impossível, num cenário estonteante como Veneza, insensatez, muitas mentiras e perseguições que nos guia pela históra. Somos quase hipnotizados na busca pelo desfecho, para compreender tantas surpresas e decepções.
No fim, com um pouco de esforço quase dá para desvendar o mistério, mas o ideal é que você se deixe guiar pela curiosidade e seja apenas Turista! Ótimo filme!




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