sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011



Por Géssica Gabrieli Valentini

“Um não, às vezes um ‘não sei’, Janela, madrugada, luz tardia, E o medo nos acorda”... O filme que indico esta semana lembrou-me a melodia suave do Teatro Mágico e reflete como poucos filmes a dicotomia da vida e da morte. Trata-se de “Uma prova de amor”, protagonizado por Cameron Diaz.

No drama, a jovem Kate (Sofia Vassilieva) tem leucemia diagnosticada. A descoberta é feita quando Kate ainda é uma menina e, mesmo contra todas as estatísticas, a mãe, Sara (Cameron Diaz), promete que não deixará a filha morrer. Isso significa fazer qualquer coisa pra salvá-la, inclusive gerar um filho que possa se tornar doador. Porém, para que haja garantias de que o bebê seria compatível com Kate, eles decidem fazer uma fertilização in vitro.

É assim que nasce Anna, já predestinada a se doar pela irmã. Ano após ano, ela se submete a intermináveis cirurgias para tentar prolongar os dias de Kate. Porém, aos 11 anos, com o quadro clínico da irmã piorando, ela decide ter uma vida normal. Ama, mas não quer mais tirar partes de si mesma, arriscando a própria vida, enquanto a irmã sobrevive, porém continua sofrendo.

Para isso, ela procura o famoso advogado Campbell Alexander (Alec Baldwin) e processa os próprios pais, pedindo uma “emancipação médica”.

Inicia então uma terna e complexa discussão que incluem medos, incertezas e inseguranças. O preço pago pela vida da filha não é somente Anna sentir-se usada, mas a carreira de sucesso de Sara, o casamento e até mesmo a vida do irmão mais velho, Jesse, que é praticamente ignorado. Ele tem dislexia, mas a doença só é percebida quando a defasagem no aprendizado tornou-se crítica.

Não se trata de uma família desestruturada, tampouco que padece de amor. Pelo contrário: todos se amam tanto a ponto de abdicar de si mesmos. Por outro lado, há dilemas éticos e questionamentos complexos que são trazidos em cada cena, mesmo quando esta é a mais terna e emocionante possível.

Não posso negar que o filme é triste, mas estranhamente termina com lições que se sobrepõe a qualquer angústia que possa ter suscitado. É como continua a música do Teatro Mágico: “Todo o chão se abre, no escuro, se acostuma... Durma medo meu”... e da mesma forma que se dissipam as lágrimas do filme é como se o fim também indicasse apenas vida adormecida...e muita coisa além disso. Ótimo filme!

Assista ao Trailer

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