segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Educação


Por Géssica Gabrieli Valentini

Londres, 1961. Jenny Carey tinha muitos motivos para ser feliz, mas não era. Os pais pagavam a ela o melhor colégio da cidade, era a melhor aluna da classe e estava prestes a conquistar a vaga dos seus sonhos na Universidade de Oxford, uma das melhores do país. Neste cenário melancólico de uma jovem infeliz, embora sonhadora, se desenvolve o filme Educação.

Duas constatações precisam ser feitas. A primeira, que o nome do filme não é o suficiente para darmos atenção a ele na locadora. A segunda, concordando com a protagonista, que estudar não é a melhor coisa do mundo. Subtraindo isso, temos um filme embalado por canções de época, rodeado por belos cenários, ótimos figurinos e um tema que ainda hoje é tabu: a educação, principalmente da mulher.

Estudar, casar, ter filhos, trabalhar, cuidar da casa, ser uma boa esposa, mãe, profissional. Muitas vezes, tudo isso parece incompatível e por isso muitos sonhos são destruídos quando outra perspectiva bate à porta.

Na ficção, Jenny sofre com o tédio dos dias confinados aos livros, quando conhece David (vivido pelo ator Peter Sarsgaard). Com pelo menos o dobro da idade dela, ele parece ter caído do céu. Conhece várias línguas, tem um carro, sabe tudo sobre arte, música e tudo o que ela sonhava em ter e saber, mas no futuro.

Aos poucos, essa nova e sedutora vida toma seus dias. Os pais, antes rígidos com os horários de estudo, agora também estão encantados com o charme que o dinheiro pode comprar: concertos de música clássica, leilões de arte e, talvez, a felicidade!

Indicado ao Oscar em três categorias, inclusive melhor filme, Educação até é um filme previsível, como afirmaram muitos críticos. Porém, traz uma abordagem que continua contemporânea.

Para fazer o filme, a diretora dinamarquesa Lone Scherfig mergulhou em uma pesquisa histórica e lapidou o roteiro de Nick Hornby, que fez uma adaptação do livro da jornalista Lynn Barber (lançado pela Editora Rocco).

Terminei o filme com a certeza de que é perfeitamente possível ser muitas mulheres (ou homens), com diferentes sonhos. No entanto, há um tempo para cada coisa e, além disso, como cantou Cazuza, o tempo não pára e os atalhos podem atrasar a chegada ou, mais do que isso, podem fazer com que nunca cheguemos!

Espero que gostem, reflitam... e estudem! Ótimo filme!

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