segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A origem


Por Géssica Gabrieli Valentini


“Qual o parasita mais resiliente?” – pergunta o personagem Cobb. “Uma ideia” – ele mesmo responde. Uma simples ideia pode construir cidades, transformar o mundo e mudar leis!

O filme “A Origem” parte desta inquietação, do intangível, ou seja, um pensamento, que não costumamos dar muito valor, mas que pode não ter preço.

No filme, o diretor Christopher Nolan, consagrado por produções como “Batman, o cavaleiro das trevas” e “O Grande Truque”, transforma o complexo e intrigante conceito de pensamento em algo que pode ter dimensão de uma catástrofe ou de uma revolução.

Na trama, o objetivo grupo de espiões industriais, liderados por Cobb (Leonardo DiCaprio), não é invadir os cofres ou escritórios dos concorrentes, mas suas mentes. Trata-se de uma ficção científica, mas cujas argumentações são cuidadosamente amarradas, numa arquitetura perfeita, e logo estamos nós, espectadores, invadindo os sonhos das vítimas.

É nesse mundo imaginário que os espiões realizam seus planos: convencem o sonhador a entregar os segredos mais valiosos. Porém, o inquietante começa quando o poderoso empresário Saito contrata os espiões para que façam o procedimento inverso: não tirem, mas coloquem um ideia na mente do bilionário Robert Fischer, mesmo que não haja nenhuma certeza de que dará certo.

Embora seja ficção, Nolan baseou-se em procedimentos já realizados pela neurologia, que é capaz de desenvolver mecanismos de proteção no sono. Através deles, sons, cheiros e movimentos detectados pela pessoa em repouso podem ser traduzidos em detalhes dos sonhos. Quem nunca sonhou que o barulho do despertador era alguma campainha ou um telefone tocando?

Sem dúvida estamos diante de sonho transformado em filme, com toda lógica do mundo real subvertida através dos brilhantes efeitos de realidade, que possivelmente darão uma indicação ao Oscar na categoria Efeitos Especiais.

Quem puder, uma “ideia” é não deixar de assistir ao filme no cinema, com todos os efeitos de som e imagem que só há ali. Além disso, muitas vezes é ótimo refletirmos sobre o valor das ideias, diante das incontáveis possibilidades de criação e de tudo que nossa mente é capaz.

Não espere encontrar respostas, nem certezas, mas prepare-se para muitas dúvidas e questionamentos. Aliás, mais uma prova de que não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas!

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