sexta-feira, 18 de junho de 2010

PS EU TE AMO


O amor acaba. Num quarto escuro, olhando para o teto, num jantar à luz de velas, depois do cinema e pipoca. Sim, acaba, e a música que toca é axé, diferente da balada romântica em que começou. De repente, a espinha parece maior, a mania parece defeito e o que era vermelho agora é verde.


Deveria falar de amor? Pois vou falar de amor, esse mesmo que começa, e acaba. O filme do dia me ajudará: P.S Eu Te amo. Talvez eu esteja errada e o amor só se transforme. Talvez o que acabe seja a paixão. Mas às vezes existe um fim.


P.S Eu te amo é a prova de que nem sempre o que queremos é o que podemos ter. Alguém contra ? De fato, todos queremos amar, para sempre. Holly (interpretada por Hilary Swank, que já fez Menina de Ouro) e Gerry (interpretado por Gerard Butler, que já fez 300) também.

O filme começa com uma típica discussão, normal em relacionamentos, principalmente de muito tempo. A discussão termina com um abraço e, logo, não é preciso citar o que vem depois.
É assim que eles se apresentam.


Como um casal de Nova York normal, que vive junto há anos, mas ainda não conseguiu a estabilidade financeira – o que é ainda mais normal. No entanto, o fato aparece como principal fagulha para desencadear as discussões, pois o sonho de Holly é ter um filho – que as condições financeiras impedem.


Fora isso, Gerry é o amor da vida de Holly, e vice-versa. Ambos se conheceram da forma mais inusitada possível, quando Holly fazia uma viagem à terra natal de Gerry – a Irlanda-, o que não deixou dúvidas que um nascera para o outro.


Até aí, é um romance normal, um filme comum que mostra um casal que se ama, não fosse um detalhe: Gerry morre nos primeiros 10 minutos. O amor não acaba assim? Não, definitivamente. Essa perspectiva não está incluída nos contos e nos sonhos de nenhuma donzela esperando o príncipe encantado.


Mas é a partir daí que o romance, baseado no livro de Cecelia Arehn, ganha forma e torna a história especial. Gerry tinha uma doença grave e sabia que ia morrer. Assim, para ajudar Holly a superar perda, ele escreve uma série de cartas de amor para amenizar a dor da ausência. Todas encerradas com a frase que dá título ao filme. “P.S Eu te amo”.


A abreviação P.S. vem do latim post scriptum, que indica algo que vem escrito após a assinatura em uma carta.


E a trama, dirigida por Richard LaGravanese, é completa, assim como a vida real e suas desilusões. A amada que sofre, amigas e família sempre prontos a ajudar, dois pretendentes interessantes, além de cenas da Irlanda que deixam o espectador morrendo de vontade de visitar o país – e quem sabe encontrar por lá o tal príncipe.


Com esta produção, nas primeiras duas semanas de exibição as bilheterias registravam cerca de R$ 60 milhões de lucro, prova de que há muita gente procurando formas de superar desilusões e ironias do destino.


Os homens podem até achar piegas, mas o filme é um é brilhante romance que consegue transformar em comédia, assim como ‘Antes de Partir’, algo tão doloroso como a morte e, mais ainda, o fim de um amor – pelo menos físico.


Ah, mas assim como acaba, o amor começa, às vezes re(começa). Em festas de São João, nas barraquinhas de cocada, em noites frias, em que é preciso se aquecer de alguma forma. Em becos, boates, ônibus, igrejas. Em espelhos, em que o reflexo ofusca, a imagem bilha, o piscar de olhos vira fotografia. Eterna. De manhã, à tarde, quando menos se espera, onde nunca imaginamos.


Ah, o amor. O importante é amar, como nos diz o poeta Carlos Drummond de Andrade. “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”.


A quem um amor começou e a que um amor ainda começará....Bom filme!

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