
Sentada na cadeira, dividindo olhar entre a tela em branco e o teto, pensei por um longo tempo que filme deveria indicar e comentar esta semana. Há menos de um dia estou na minha terrinha amada e ainda sinto o clima de uma tragédia. Há poucas horas visitei alguns sites para saber mais sobre o acontecimento que abalou a região Oeste catarinense e o mundo e descobri que uma das vítimas foi uma colega querida que tive a oportunidade de conhecer e que se formou na mesma Universidade (Unochapecó) em que estudei até o ano passado. Mais próxima ainda do cheiro da morte que paira no ar, pensei no jogo da vida e nos “Jogos Mortais” que enfrentamos diariamente. Decidi pela seqüência de filmes que trazem este nome.
Os filmes “Jogos mortais” são obras de ficção, mas nos fazem pensar em como a vida é frágil, como é difícil e como custamos a valorizar as brincadeiras diárias de amar e sofrer, sair e chegar, dormir e acordar. Elisandra (nome da pessoa citada acima), como todas as outras vítimas, acordou de manhã, vestiu-se, tomou café, talvez um banho e foi para o trabalho, de onde não voltou mais. É provável que se tivesse uma nova chance olharia o mundo de outra forma. Não teve.
Os jogos mortais da ficção (1, 2 e 3) são situações inteligentes e criativas armadas pelo assassino Jigsaw (Tobin Bell) que fazem as vítimas pensarem no quanto desejam realmente sobreviver e até onde estão dispostas a ir para fazê-lo.
O primeiro filme foi lançado em 2004 e o sucesso foi tanto que em menos de dois anos outras três edições foram lançadas e a quarta já está pronta – com lançamento previsto no Brasil para o dia 26 deste mês.
Na história inicial Jigsaw deixa nas vítimas uma cicatriz em forma de quebra-cabeças, que faz com que elas cometam atos inimagináveis para se salvar.
No segundo filme um grupo de pessoas é trancado numa casa, uma bomba relógio. Para sobreviver eles precisam escolher entre a própria vida e a vida do outro.
No filme seguinte, para se livrar da perseguição dos detetives e lutar pela própria vida Jigsaw seqüestra uma médica e arma seu jogo.
Por sua vez, nos Jogos Mortais 4, de acordo com a sinopse divulgada pelos sites de cinema, um dos próprios detetives é seqüestrado e obrigado a participar da trama.
É quase impossível sobreviver. Não só na ficção. Os personagens escolhidos para participar dos jogos são profissionais, estudantes, um pouco de cada um de nós, submersos num mundo em que não conseguimos mais notar o diferente no caminho que percorremos para ir ao trabalho ou escola. Da mesma forma, podemos ser escolhidos a qualquer momento para ser um participante dos jogos mortais.
Normalmente, não deixamos que Deus guie nossa vida. Andamos com nossas próprias pernas e defendemos nosso próprio nariz em atos simples como não dar o lugar a outro numa fila, numa vaga de emprego, no estacionamento... Não estou repreendendo atitudes, tampouco dizendo que estamos errados. Não. Esse é o jogo da vida. Porém, nunca sabemos quando alguém vai querer brincar de Deus como o motorista que causou o segundo acidente na tragédia da semana passada e achar que pode fazer milagres com uma carreta sem freio, parando-a com um estalar de dedos.
A grande maioria de nós simplesmente não sabe viver. Os filmes citados hoje são chocantes. Proibidos para menores de 18 anos. Mas são como um tapa na cara, um puxão de orelha, um balde de água fria. Ás vezes indispensáveis para que vençamos o “Jogo da Vida”.
Play. Bom filme!
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